13 de abril de 2008

Amor a preto e branco

Eram cerca das 18 horas e o sol já se tinha começado a pôr, muito lentamente observei o sol a descer a esconder-se lá ao infinito onde o mar acabava. A melancolia daquela tarde já não tardava pois com o pôr-do-sol tambem se instalou um sentimento entristecedor caracteristico de todos os meses quando chegava aquela altura. Secalhar já nem era todos os meses mas sim todas as vezes que Ele observava o pôr-do-sol naquele mesmo sítio. O mar tinha um tom cinzento, já não era tão azul como dantes. O céu mesmo que estando só a começar a escurecer tambem ficava cinzento, o azul tinha fugido. Tudo o que o rodeava era a preto e branco. Tal como o monte de fotos que Ele via cada vez que ia a casa da avó. Todas as memórias e recordações que a vida lhe trazia com simples pedaços de papel. Agora já não se sentava acompanhado a ver o pôr-do-sol, talvez nunca mais se iria poder sentar ali acompanhado pois Ela já não iria voltar e Ele não queria roubar as recordações que tinha só com Ela, o pôr-do-sol e Ele. O mesmo amor que tinha sido jurado como eterno agora passava só por um antigo amor, uma bonita recordação de quando era feliz, uma boa memória de tudo o que tinha sido antes. Sim antes, antes de se ter tornado uma pessoa amarga e egoísta. Agora já não era só Ele e o seu mundo perfeito, fechado a sete chaves e com uma daquelas correntes de segurança. Era um bau envolto em correntes sem cadeado, fechada para sempre. Não era infeliz agora, só não era feliz. Mas não era infeliz, repetia vezes sem conta. Não enganava ninguém, enganava-se a ele próprio, não era uma forma de engano, era tambem uma forma de tapar os olhos e calar o coração. Era inútil continuar a fingir que era feliz, com o seu novo amor. Amor a preto e branco, sem cores, sem momentos, sem memórias, sem recordações, sem tempos, sem sorrisos, sem presentes, sem silêncios, sem cores. A preto e branco, sem felicidade. Poderia até ser infeliz para sempre mas aquele lugar ao pô-do-sol estava guardado para sempre para Ela.

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